O dinheiro nasceu como simples intermediador de trocas de mercadorias e era usado para simplificar a transação entre bens de diferentes valores e qualidades. Com o tempo ele evolui e chega no que conhecemos. Colocaram em nossa cabeça que falar de dinheiro é “cafona” e pior coisa de gente interesseira e essa concepção acaba por fazer com que não conheçamos seu papel enquanto sujeito de fortalecimento político e sim tenha uma visão rasa de seu real objetivo. Niall Ferguson, em seu livro “A ascensão do dinheiro: a história financeira do mundo”, descreve os fatos históricos explicando como a manipulação deste, construiu os grandes modelos de controle financeiro.
Isso é importante, pois quando deixamos que o medo de falar de dinheiro nos domine, nosso povo caminha para uma miséria sem limites. Um exemplo é Salvador e Região metropolitana, onde mesmo sendo 92% da População Economicamente Ativa, temos 323 mil negros desempregados, contra 22 mil brancos na mesma região (http://g1.globo.com/bahia/noticia/2…) o que demonstra além do genocídio institucional dos governos, uma falta de acompanhamento das partes mais vulneráveis sobre como o mesmo é aplicado na cidade\ Estado.
É triste ver como os dados da pesquisa confirma o que sempre soubemos, os “brancos de Salvador” NUNCA souberam o que é não ter renda. Nunca souberam o que é não ter dignidade e impossibilidade de planejar seu futuro por conta da falta de emprego. Suas redes que mesmo sendo minoria, sempre mandaram na cidade e o pior com o nosso apoio e ilusão de que “somos parte “do projeto político destes. Mesmo se dizendo solidários, ou com secretarias de “combate “ao racismo no estado e municípios, a questão econômica NÃO é uma pauta discutida pelo conjunto do movimento social como um processo de empoderamento da nossa comunidade.
O mundo vem debatendo o papel da economia inclusiva no fortalecimento de comunidades vulneráveis e principalmente no combate às desigualdades. Recentemente o Vaticano, fez um encontro de uma semana para debater o papel desta enquanto economia que respeita a dignidade das pessoas não como bem de alguns, que acumulam muita riqueza enquanto a maioria é deixada à parte, mas que o bem comum respeitado na solução e na procura de novas atividades econômicas.
É nesse eixo que precisamos ser inseridos, uma vez que nesse formato podemos aprender como transformar os nossos pontos de vista, levando em consideração o impacto que produzimos na sociedade quando tomam decisões onde nós somos sempre deixados de fora. A realidade é que estamos enquanto população negra, muito distante deste debate e cabe as novas gerações, perder o medo de falar de dinheiro e alterar essa realidade tão perversa enfrentada principalmente por nosso estado.