Skip to content

Afro empreendedorismo, um desenvolvimento para além da relação financeira

.

Viabilizar seu negócio de forma independente e com identidade, é a meta de qualquer afro empreendedor, em especial na área cultural. Quem empreende na área cultural negra, busca além de atuar com novos negócios e oportunidades, o bem comum ou de consumo social. Esses empreendedores diferentes dos que pensam sob a ótica de ganho de milhões, é motivado por interesses colaborativo, onde a meta maior é se conectar com agrupamentos ou segmentos para compartilhar recursos e valores com independência e sustentabilidade, promovendo bem-estar e qualidade de vida às pessoas envolvidas.

Ao falamos de afro empreendedorismo, é preciso destacar as trocas simbólicas que os sustentam através de produtos e serviços, que se comprometem a gerar experiências únicas de consumo, via o reconhecimento do que o território, sua gente e comunidades têm de único e próprio. Estamos falando de empreendedores que ver os consumidores étnicos, como um segmento de economia da abundância e não de escassez como pensa os mercados tradicionais. Falamos de empreendimentos com expertise para crescimento, dentro das novas forças de mercado, que vem deixando de levar em conta o marketing centrado no produto, para atender consumidores conscientes e com valores e ideologias fortalecidas. Kotler, em “Marketing 3.0 – As Forças que Estão Definindo o Novo Marketing Centrado no Ser Humano”, mostra como se bem articulada as economias étnicas ou vulneráveis, podem se consolidar no setor via suas especificidades. A ideia fundamental, é o entendimento de que dentro destes grupos, nos espaços de economia étnica, de minorias intermediárias ou grupos sem experiência prévia de negócios, existe uma aspiral positiva de entre ajuda, onde esses diversos membros ao adotarem uma atitude de cooperação a longo prazo, centrado nos anseios do consumidor, podem desafiar a base racional do comércio.

As constantes transformações em nossa sociedade, exige e desafia cada vez mais a atuação na perspectiva do desenvolvimento compartilhado. Essa transformação é algo que dá uma grande vantagem ao afro empreendedor, pois além de já saber atuar com esse modelo de economia, é uma fonte geradora de recursos em comunidades de nichos marginais, como conceitua Roberto Grun, ao falar de ‘miloide men minorities’ as chamadas etnias minoritárias ou economia vulnerável, em seu estudo sobre cultura étnica e econômica no mercado Armênio. Em nosso caso, a população negra, mulheres, gays, idosos ou periferias do país. Para esse, a economia étnica dá conta da criação, manutenção e eventual desaparecimento de espaços economicos privilegiados, caso aja ações colaborativas entre grupos, o que transformaria empreendimentos oriundos de minorias (racial) em economias capitalistas maduras com impacto local.

Fomentar o empreendedorismo cultural e de periferia, é visualizar a longo prazo o ganho que esses empreendimentos trazem, uma vez que resolvem 2 (dois) problemas sociais na atualidade, a necessidade de geração de empregos e redução das assimetrias que empodera os grupos privilegiados. Esses teriam como base para a resolução destas questões, o desenvolvimento de negócios locais e de baixo custo unitário, melhorando a autoestima da comunidade do entorno com respeito e fortalecimento da sua cultura. Estamos falando de desenvolvimento geo localizado bairros a bairro, e de grupos socialmente estigmatizados economicamente, que via ações e atividades que valorize seus referenciais culturais, farão com que consumidores em potencial se converta em consumidores reais. Onde os produtos e serviços locais, serão a chave que satisfaz as necessidades humanas, equilibrando com os recursos locais disponíveis de preservação, conservação e incentivos às práticas culturais destes ambientes no lugar de sua marginalização.