Viabilizar seu negócio de forma independente e com identidade, é a meta de qualquer afroempreendedor, em especial na área cultural. Quem empreende na área cultural negra, busca além de atuar com novos negócios e oportunidades, o bem comum ou de consumo social.
Esses empreendedores, diferentes dos que pensam sob a ótica de ganho de milhões, são motivado por interesses colaborativo, onde a meta maior é se conectar com agrupamentos ou segmentos para compartilhar recursos e valores com independência e sustentabilidade, promovendo bem-estar e qualidade de vida às pessoas envolvidas.Ao falarmos de afroempreendedorismo, é preciso destacar as trocas simbólicas que os sustentam através de produtos e serviços, que se comprometem a gerar experiências únicas de consumo, via o reconhecimento de que o território, sua gente e comunidades têm de único e próprio. Estamos falando de empreendedores que veem os consumidores étnicos, como um segmento de economia da abundância e não de escassez como pensa os mercados tradicionais. Falamos de empreendimentos com expertise para crescimento, dentro das novas forças de mercado, que vem deixando de levar em conta o marketing centrado no produto, para atender consumidores conscientes e com valores e ideologias fortalecidas.
A ideia fundamental é o entendimento de que dentro destes grupos, nos espaços de economia étnica, de minorias intermediárias ou grupos sem experiência prévia de negócios, existe uma espiral positiva de entre ajuda, onde esses diversos membros ao adotarem uma atitude de cooperação a longo prazo, centrado nos anseios do consumidor, podem desafiar a base racional do comércio.
As constantes transformações em nossa sociedade, exigem e desafiam cada vez mais a atuação na perspectiva do desenvolvimento compartilhado. Essa transformação é algo que dá uma grande vantagem ao afroempreendedor, pois além de já saber atuar com esse modelo de economia, é uma fonte geradora de recursos em comunidades marginais(população negra, mulheres, gays, idosos ou periferias do país).Fomentar o empreendedorismo cultural e de periferia, é visualizar a longo prazo o ganho que esses empreendimentos trazem, uma vez que resolvem 2 (dois) problemas sociais na atualidade, a necessidade de geração de empregos e redução das assimetrias que empodera os grupos privilegiados. Esses teriam como base para a resolução destas questões, o desenvolvimento de negócios locais e de baixo custo unitário, melhorando a autoestima da comunidade do entorno com respeito e fortalecimento da sua cultura.
Estamos falando de desenvolvimento geolocalizado bairro a bairro, e de grupos socialmente estigmatizados economicamente, que via ações e atividades que valorize seus referenciais culturais, farão com que consumidores em potencial se converta em consumidores reais. Onde os produtos e serviços locais, serão a chave que satisfaz as necessidades humanas, equilibrando com os recursos locais disponíveis de preservação, conservação e incentivos às práticas culturais destes ambientes no lugar de sua marginalização.
Por Luciane Reis.
Publicado originalmente no site Lista negra, adaptado pelo Merc’Afro.