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Cidadania afro empreendedora para um Brasil profundo

Por Luciane Reis

Sabemos que o  Brasil, é um  país com mais  complexidades do que conseguimos ver nos diversos números. Ao mesmo tempo que falamos de suas dificuldades, por outro lado destacamos  um país rico em possibilidades que se bem estimuladas pode nos levar mais longe economicamente do que podemos imaginar.  Estamos falando de um Brasil imenso, com capacidades econômicas significativas  nas pequenas cidades do interior  e bairros.  O desperdício de riquezas e talentos por questões diversas, inclusive raciais  não levam em conta nos planejamentos de políticas públicas, a participação destes como fator de autonomia financeira. Estamos falando de um número expressivo de pessoas com grande capacidade de desenvolvimento empresarial condenada à invisibilidade – relegada em seus direitos de crescimento econômico e social e desconsideradas como força produtiva de uma grande nação como a nossa.

É preciso pensar o nosso  desenvolvimento econômico, tendo a  inclusão sócio-racial e redução das desigualdades como pauta central para construção de uma outra realidade. Não podemos pensar um crescimento econômico, que não leve em conta a especificidade produtiva, os talentos individuais e coletivos e a capacidade criativa como fator de redução das desigualdades e elevação da cidadania, ou seja, a inclusão  dos pontos mais profundo  dos diversos Brasis. Dá humanidade e cidadania para as pessoas do campo e da periferia das grandes cidades, é o ponto central para se pensar um país economicamente a partir dos seus territórios.

A integração das mais diversas políticas públicas, passa então a ser o  processo central de estruturação econômica para o desenvolvimento nacional. É preciso que pensemos  programas e ações direcionadas para os  municípios e localidades, que permita  potencializar as políticas de desenvolvimento regional  de maneira que essas corrijam  desequilíbrios étnicos econômicos históricos.

A combinação entre crescimento econômico e de inclusão sócio- racial  permite que nossa população viva seu  poder de compra, mas principalmente tenha  como  investir no potencial do nosso mercado interno e de massas dando como retorno um crescimento financeiro atrelado ao bem-estar das pessoas. Isso se chama desenvolver gente, para assim desenvolver coisas.

Já experimentamos em tempos não tão distantes, o impacto da economia mobilizada pelo  consumo das famílias nas áreas rurais que chegavam a  movimentar cerca de R$ 827 bilhões, ou seja, 38% do consumo total do país. Pensar esse modelo de desenvolvimento interno, é  então construir  melhores condições de vida, em especial para os bairros e  municípios onde esse modelo de desenvolvimento tem como estimulo a estruturação e qualificação de  pequenos negócios com capacidade de  gerar cerca de 6,1 milhões de empregos formais como em tempos outros,  ajudando  a girar a roda da economia nas cidades.

Neste sentido, fortalecer   políticas de territorialização que leve em conta as especificidades e capacidades de gerar riqueza  via o estimulo a projetos que potencialize  vocações econômicas, busca ativa setorizada e democratização de estratégias de atuação, qualificação e formação técnica e teórica para esses  pequenos negócios respeitando suas especificidades, é o ponto central para  melhoria na gestão destes espalhados seja na área rural ou urbana.

É preciso pensar formas de fortalecer individualmente negócios  locais  por demandas específicas,  a exemplo dos afro empreendedores e  empreendedores do sagrado. Investir  e estimular que segmentos diversos criem seus próprios modelos de formação empresarial e de gestão de negócios que  permita além do seu crescimento, a expansão do acesso a formação, respeito identitário e de valores potencializando a contribuição  destes no  desenvolvimento econômico de inúmeras localidades. Estamos cheios de histórias que mesmo invisibilizadas tem reunido experiências exitosas que demonstra a capacidade destes segmentos de  desenvolver seus territórios.