Não dá para pensar crescimento econômico sem falar da redução da pobreza, ou do volume de pobres na sociedade sem as periferias. Para que o desenvolvimento social e econômico dê certo, é necessário investir e ver como segmentos que tem dificuldade de acesso a oportunidades, crescem em meio a uma escassez constante. Unir desenvolvimento econômico e social, é parte central para a transformação da sociedade, sem perder o foco na lucratividade. É preciso pensar ações e políticas para o enfrentamento a deslegitimação das periferias, que reúna essa pobreza e as transforme em um espaço de inserção de renda com valorização dos saberes e combate ao desemprego, ou seja, uma retro-alimentação comunitária.
Compreender que o tão alardeado desenvolvimento sustentável, só é viável se os recursos forem distribuídos com justiça e transparência, é romper com as dimensões simbólicas inseridas no consumo ou na pobreza, e levar em conta que essas não se relacionam apenas com essas variáveis, embora tenha um resultado significativo. O último relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), estima que mais de 900 milhões de pessoas vivam em favelas em todo o mundo hoje. O interessante é que mesmo com um dado desta dimensão, pouco é feito para que essa situação deixe de ser um problema e vire uma ação de desenvolvimento social, que garanta a retro alimentação econômica, sem destruir o meio ambiente protegendo os direitos e protagonismo dos mais vulneráveis e que reside nestes locais.
Lala Deheinzelin, uma das pessoas que me inspiro no debate de economia da abundância, ressalta que a economia criativa, é uma estratégia prioritária que vem consolidando o desenvolvimento de economias marginais no século XXI. Acrescento a esse olhar a compreensão de que esse desenvolvimento, passa por saber como se construir na adversidade, ou seja com as periferias. Já que uma das nossas primeira escola de negócio que garantia renda a esses locais de vulnerabilidade, foram os terreiros de candomblé acompanhado das primeiras empreendedores, as mulheres escravizadas que mercavam pelos comércios do Brasil. Ou seja, os princípios antigos de solidariedade comunitária, é algo que pode tornar as periferias o eixo da busca de respostas financeiramente sustentáveis. A exemplo das periferias africanas, que vem exportando moda identitária para o mundo.
Temos o desafio de encontrar métodos de colaboração econômica, de inovação e iniciativas que tragam qualidade de vida aos moradores das periferias do Brasil e seu entorno. Precisamos transformar seus valores culturais e dinâmica comunitária, em uma alternativas na exportação de serviços e mão de obra intra-comunidades. É preciso potencializar as periferias e favelas, ressignificado via sistemas próprios de economia informal suas alternativas e modelo de atuação econômica gerando assim oportunidade para o desenvolvimento das cidades.
Transformar o que antes era visto como um problema em um modelo de economia inclusiva, é fazer uso estratégico das escassez tornando –a oportunidade para as periferias florescer com condições necessárias. Esse precisa ser o grande passo para um desenvolvimento sustentável, onde os processos colaborativos de desenvolvimento entre bairros, é o conceito básico da economia popular típica das comunidades. O uso inteligente destas, passa pela inclusão de moradores em situação de baixa renda, e ações cotidiana destas para assim criar uma rede de comércio e serviços informais para sua subsistência e consumo de maneira glocal.